Para a professora de Direito, doutora pela Universidade de Valencia e professora convidada da Flacso-Equador Adoración Guamán, os protestos de indígenas, estudantes e trabalhadores que tomaram as ruas das principais cidades do país nos últimos onze dias e levaram à derrubada do decreto que atendia às determinações do FMI (Fundo Monetário Internacional) – responsável pela elevação de 123 por cento no preço dos combustíveis – representaram uma importante vitória do campo popular que deve repercutir não apenas no país, como também em toda a América Latina.
Mas permanecem incertezas no curto prazo, se o governo enfraquecido de Lenín Moreno será capaz de manter as condições do acordo, contrariando os interesses da elite financeira do país e do exterior.
Na semana passada, Adoración afirmou que o seu país não vivia uma democracia, principalmente em função da repressão desmedida à onda de protestos que culminou em pelo menos sete mortos, segundo dados oficiais. A apuração dos abusos cometidos e o destino dos milhares de detidos, a maioria jovens, são algumas das questões em aberto.
A lição, segundo a professora, é que o neoliberalismo é incompatível com a democracia e com o bem-estar da maioria, e necessita do uso da força bruta para impor suas medidas de arrocho. (pulsar/rba)