Entre 2011 e 2016, mais de quatro mil e 200 bebês nasceram no Brasil fruto do estupro de crianças e adolescentes. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revelou que, neste período, 49 mil 489 meninas de 10 a 19 anos foram vítimas deste tipo de violência no país.
Meninas também estão mais sujeitas a morte por agressão. Esta é a segunda causa de mortalidade entre meninas de cinco a 19 anos, ficando atrás somente de acidentes de transportes terrestres.
Coordenada por Maria de Fátima Marinho, diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde, a análise mostra que a ocorrência de estupro na infância ou adolescência pode estar associada à maior vulnerabilidade à depressão, ao suicídio, à gravidez, ao menor uso de métodos anticoncepcionais, maior risco de repetição da agressão e ocorrência de infecções sexualmente transmissíveis.
Entre quase 33 mil jovens de 10 a 14 anos abusadas, 43 por cento dos estupros foram cometidos por familiares e parceiros íntimos; 66 por cento dos casos ocorreram dentro da residência e o histórico de repetição foi de 45,6 por cento. Mulheres negras são as mais afetadas – 58,1 por cento, enquanto 29,6 por cento das vítimas são brancas. Em relação às vítimas com idades entre 15 e 19 anos, cerca de 46 por cento dos estupradores eram desconhecidos.
As mães vítimas de abusos registraram ainda maior percentual de parto prematuro (37,2 por cento), além do início tardio do pré-natal e maior proporção de bebês com baixo peso ao nascer. (pulsar/agência patrícia galvão)