A taxa de pobreza urbana na Argentina subiu para 32,9 por cento no terceiro trimestre de 2016, afetando 13 milhões de pessoas devido à precariedade do mercado de trabalho e a falta de políticas de desenvolvimento, indicou um relatório apresentado nesta quinta-feira (09/03) pela Universidad Católica Argentina (UCA).
O estudo, divulgado pelo Observatório da Dívida Social Argentina da UCA, indicou que a pobreza cresceu 3,9 pontos percentuais no terceiro trimestre de 2016 em relação ao final de 2015, alcançando o número mais alto dos últimos sete anos.
Além disso, 2 milhões e 700 mil pessoas – o equivalente a 6,9% do total da população – está em situação de indigência, um crescimento de 600 mil pessoas em relação ao fim do ano anterior.
O diretor da pesquisa, Agustín Salvia, durante a apresentação dos resultados na sede da UCA, em Buenos Aires, afirmou que parte da população argentina é excluída e é preciso algo mais do que crescimento econômico. Segundo ele, os programas sociais não são suficientes para garantir uma plataforma de inclusão duradoura.
O pesquisador disse que, desde a chegada ao poder de Mauricio Macri, em dezembro de 2015, os aumentos de tarifas nos serviços públicos, a política anti-inflacionária, a redução do investimento privado e falta de empregos geraram um cenário ainda mais recessivo do que nos governos anteriores.
O relatório também revela que 52% das famílias de baixa renda não tiveram acesso a pelo menos um direito básico, como alimentação, saúde, educação ou moradia digna. Além disso, 32,2% dos argentinos passam fome frequentemente, segundo Salvia, que destacou que nesses lares costumam haver crianças, ainda mais vulneráveis à situação.
Por outro lado, Salvia considerou positivo que o governo de Macri, além de ter começado a publicar estatísticas oficiais sobre a conjuntura econômica, tenha estabelecido como objetivo conseguir chegar à "pobreza zero" no país.
No entanto, o pesquisador alertou que esse objetivo não pode ser obtido em um único mandato e pediu que uma política de Estado de longo prazo comece a ser considerada pelo governo.
O estudo se baseou em uma mostra de 5 mil e 700 famílias de 17 conglomerados urbanos da Argentina com mais de 80 mil habitantes. (pulsar/opera mundi)