Uma pesquisa feita com universitários brasileiros mostra que 27 por cento dos homens acreditam que, se uma garota tiver bebido demais, abusar dela não é uma forma de violência. A pesquisa “Violência contra a mulher no ambiente universitário”, realizada pelo Instituto Avon e pelo Data Popular, também afirma que 14 por cento dos homens e mulheres estudantes conhecem casos demulheres que sofreram estupro.
Entre os homens, 13 por cento disseram já terem cometido pelo menos um tipo de violência sexual, e 28 por cento das mulheres já sofreram algum tipo de violência dessa natureza.
A pesquisa consultou especialistas e coletivos de estudantes universitárias para definir uma lista de tipos de violência contra a mulher. Entre os exemplos estão a agressão física, o estupro, o assédio sexual e a coerção – ser obrigada a ingerir bebidas alcoólicas ou drogas, ou ser drogada sem consentimento. Também são consideradas violências a desqualificação intelectual e a agressão moral ou psicológica, inclusive ser xingada por rejeitar uma investida e ser incluída em rankings de beleza ou atributos sexuais sem autorização.
Segundo os dados, só 10 por cento das universitárias relataram espontaneamente terem sofrido violência de um homem na universidade ou em festas acadêmicas. Mas, quando recebem uma lista com tipos de violência, 67 por cento das mulheres reconheceram que foram submetidas a pelo menos um dos tipos. Já entre os homens, só dois por cento admitiram espontaneamente que já cometeram algum ato de violência contra uma mulher na universidade ou em festas acadêmicas. Considerando a lista de tipos de violência elaborada pela pesquisa, esse número subiu para 38 por cento.
O levantamento ouviu um total de mil 823 estudantes de graduação e pós-graduação de todo o país, a maioria mulheres. A maior parte dos entrevistados são da classe média ou alta e 76 por cento deles estudam emuniversidades e faculdades particulares.
Tanto os homens quanto as mulheres concordaram, na maioria das vezes, que a violência contra a mulherdeve ser um tema debatido nas aulas, e que as faculdades precisam “criar meios de punir os responsáveis por cometer violência contra mulheres na instituição”. (pulsar/geledés)