Na tarde da última quinta-feira (31), estudantes realizaram na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) um ato contra o racismo, cobrando atitudes da universidade em relação à agressão sofrida pelo estudante indígena Nerlei Kaingang no dia 19 de março. Na ocasião, o estudante foi agredido em frente à Casa do Estudante da UFRGS, onde é cotista e cursa Medicina Veterinária, até perder os sentidos.
“O que esse índio está fazendo aqui? Protestando”, dizia um dos cartazes segurado por uma indígena. A pergunta é uma referência ao insulto recebido por Nerlei quando entrava na Casa do Estudante para encontrar um sobrinho seu que mora lá.
A agressão física que se seguiu aos insultos foi filmada pelas câmeras de segurança da universidade e mostra o indígena sendo espancado por sete rapazes. Segundo testemunhas, todos eles são estudantes, cinco dos quais cursam Engenharia na própria UFRGS.
O advogado de Nerlei, Onir Araújo, que é membro da Frente de Defesa dos Territórios Quilombolas disse que o indígena está muito constrangido e revoltado. Araújo afirma que a resposta esperada pela universidade é o afastamento imediato e a expulsão dos estudantes envolvidos no caso.
Entoando cantos como “Rascistas, fascistas não passarão” os manifestantes foram até a reitoria da UFRGS, onde entregaram um documento ao secretário de Assuntos Estudantis da UFRGS antes de seguir para o prédio da Engenharia. No documento entregue à Reitoria, estudantes da UFRGS e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) pedem à universidade federal ações de combate ao racismo institucional e ao preconceito contra os estudantes cotistas e a expulsão dos agressores.
A universidade já instalou uma sindicância interna, em relação à qual os manifestantes cobraram transparência e diversidade em sua composição. Um inquérito também foi aberto pela Polícia Federal para investigar os crimes de tentativa de homicídio e injúria racial. (pulsar/cimi)