Um relatório divulgado na última segunda-feira (20) pela organização não governamental Global Witness indica que 185 ativistas em defesa do meio ambiente foram assassinados em 2015. O maior número de mortes se concentrou no Brasil: 50. Este número representa um aumento de 59 por cento em relação ao ano anterior, o maior crescimento registrado pela ONG na história.
De acordo com o estudo “On Dangerous Ground” (“Em Terreno Perigoso”), mais de três pessoas foram mortas por semana por defenderem “suas terras, florestas e rios contra indústrias destrutivas”.
Quase 40 por cento das vítimas de 2015 eram indígenas. Segundo a organização, seus “fracos direitos sobre a terra e a isolação geográfica”, deixam eles particularmente expostos à grilagem de terras e exploração de recursos naturais. O país mais letal para defensores do meio ambiente foi o Brasil, com 50 casos; seguido pelas Filipinas, com 33; e Colômbia, com 26.
Conflitos envolvendo atividades de mineração foram os que mais causaram mortes em 2015 – 42 no total. Outros setores que contribuíram para óbitos foram o agronegócio, hidrelétricas e madeireiras.
Apesar da repercussão causada pela morte da ativista hondurenha Berta Cáceres em março deste ano, a organização afirma que o “assunto está escapando da atenção internacional”. Segundo a entidade, os números “chocantes” são uma evidência de que o meio ambiente emerge como “um novo campo de batalha para os direitos humanos”.
O texto também aponta que as comunidades locais “se encontram na linha de fogo de companhias privadas de segurança, forças do Estado e um florescente mercado de assassinos contratados”. A entidade diz que, devido à ocorrência de muitos conflitos em locais remotos e de difícil acesso, é provável que o número de mortes seja ainda maior.
Ao abordar a situação brasileira, responsável por 27 por cento dos óbitos, a ONG afirma que nos estados da Amazônia houve “violência sem precedentes em 2015, onde as comunidades estão sendo usurpadas por fazendas e plantações agrícolas ou quadrilhas de madeireiros ilegais”. De acordo com a Global Witness, 80 por cento da madeira do Brasil é extraída de maneira ilegal, o que representa 25 por cento da madeira ilegal existente no mercado mundial. (pulsar/opera mundi)