Um informe da organização Oxfam, lançado na última terça-feira (25), revela quea violência contra ativistas de direitos humanos na América Latina e Caribe tem crescido sem controle. Chamado de “Oxfam Defensores em Perigo” (ou “El riesgo de defender”, na versão original do documento), o documento aborda o número de assassinatos, ataques e atos de repressão contra os defensoras de direitos humanos.
Segundo dados da Global Witness, 2015 foi o pior ano em assassinatos de defensores e defensoras, com 122 mortes registradas apenas na América Latina. Esse número representa 65 por cento dos homicídios de pessoas defensoras de direitos humanos no mundo (o número global é de 185 ativistas mortos). Em 2016, a situação piorou com 58 líderes assassinados na região, somente entre janeiro e maio. No Brasil, o número de assassinatos chegou a 50 no ano passado (27 por cento das ocorrências mundiais) e, considerando os cinco primeiros meses de 2016, houve 24 mortes.
A nota da Oxfam compila dados de organizações da América Latina e do Caribe a fim de que autoridades públicas e sociedade civil possam visualizar melhor a escalada da violência contra líderes que trabalham em prol de causas sociais. De acordo com a Front Line Defenders, 41 por cento dos assassinatos de pessoas defensoras na América Latina estão relacionados à defesa do meio ambiente, da terra, do território e dos povos indígenas, enquanto 15 por cento remetem à defesa dos direitos coletivos LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex). No Brasil, ganham destaque os ataques contra ativistas de causas ligadas à preservação ambiental e reforma agrária.
O informe da Oxfam também afirma que mulheres defensoras de causas socioambientais são particularmente mais vulneráveis à violência, à cultura patriarcal e machista que ainda prevalece na América Latina e no Caribe, e aos ataques que se mantêm impunes. Países como El Salvador, Guatemala, México e Honduras relataram um aumento da violência contra as defensoras, com casos que permanecem impunes na maioria. (pulsar/rba)