Após três anos, o processo de indenização às famílias atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais, ainda se arrasta na Justiça com uma série de negligências cometidas pela Samarco. Em Brumadinho, também no estado mineiro, atingidos tentam se organizar para evitar que a Vale repita essas mesmas violações diante do novo crime.
O promotor de justiça André Sperling Prado atuou em Mariana e agora acompanha as famílias de Brumadinho pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). Ele afirma que há uma diferenciação substancial na atuação dos casos.
“A grande crítica em Mariana foi que não houve participação dos atingidos nas delimitações de como seriam os processos de indenização, como seriam os caminhos. Os atingidos foram totalmente alijados deste processo”, diz o promotor. “Pretendemos tirar a Vale completamente de campo. A Vale tem como única obrigação pagar as coisas. Ela não tem que fazer cadastro ou dizer quem são os atingidos. Não tem lógica nenhuma o criminoso dizer quem é sua vítima. E essa foi a lógica que aconteceu em Mariana.”
Na semana passada, no dia 29 de janeiro, o MP-MG retirou a Vale do processo de cadastramento das famílias atingidas pelo rompimento da barragem Mina do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro. O desastre deixou pelo menos 134 mortos; 199 pessoas ainda estão desaparecidas.
Até agora, já foram constituídas comissões de atingidos nas comunidades de Parque da Cachoeira e do Córrego do Feijão.
Ainda que o processo esteja sendo conduzido, em um primeiro momento, de forma diferente, a coordenadora estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Camila Brito, alerta que as violações nos processos indenizatórios podem se repetir.
Em Brumadinho, no momento, as famílias que perderam familiares vão receber o valor de 100 mil reais; pessoas que tiveram as casas danificadas, 50 mil; e os atingidos que tiveram sua renda prejudicada, 15 mil. (pulsar/brasil de fato)