Pelo menos nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, no sudeste do Pará, nesta quarta-feira (24). As mortes ocorreram numa ação das Polícias Civil e Militar. De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá, no Pará, as informações ainda são poucas, mas ela aponta que a ação policial contra os trabalhadores rurais ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda.
A advogada conta que ao contrário das orientações do Tribunal de Justiça e da Ouvidoria Agrária Nacional, que dizem que quem deve cumprir as reintegrações de posse é o comando da Polícia Militar – do batalhão especial, que fica em Belém –, o juiz determinou que a polícia local cumprisse a ordem.
De acordo com o integrante da Liga dos Camponeses Pobres (LCP-PA) Paulo Oliveira, entre os mortos está a presidenta da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pau D’Arco, e outras 14 pessoas foram baleadas. Ele destaca ainda que a fazenda Santa Lúcia foi grilada e pertence à família Babinsk.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) afirmou que a ação policial não se tratava de uma reintegração de posse e sim do “cumprimento de 16 mandados judiciais (prisão preventiva, temporária e buscas e apreensões)”. A Secretaria afirma que ainda serão divulgados os nomes das vítimas.
O ano de 2017 tem sido de massacre no campo brasileiro. Antes da chacina desta quarta-feira (24), a CPT já havia mapeado 26 assassinatos decorrentes de conflitos. Em 2016 a violência no campo já bateu recorde: foram 61 assassinatos, o maior número desde 2003, quando foram registrados 73 homicídios. (pulsar/brasil de fato)