Na última segunda-feira (29), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou, em Manaus (AM), um relatório-denúncia sobre os conflitos na Amazônia. O documento “Amazônia, um bioma mergulhado em conflitos – Relatório Denúncia” apresenta nove casos de conflitos emblemáticos enfrentados por comunidades dos estados que compõem a Amazônia Legal.
Membro da coordenação executiva nacional da CPT, Ruben Siqueira afirma que a infinidade de riquezas naturais da região amazônica tem atraído, há décadas, os interesses dos poderosos de dentro e fora do País, culminando nos conflitos no campo, alguns esmiuçados no relatório.
Em 1975, quando surgiu a CPT, era grave a situação de conflito vivida por trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo da Amazônia. Hoje, 40 anos depois, a incessante violência na Amazônia brasileira persiste e insiste em não dar trégua aos povos do campo. Para se ter uma ideia, entre os anos de 1985 e 2009, 63 por cento dos assassinatos no campo registrados pela Comissão se concentravam na Amazônia.
E em 2015 a situação conflituosa no campo adquiriu uma dimensão espantosa. Dos 50 assassinatos registrados no Brasil, 47 foram na Amazônia, sendo 20 em Rondônia, 19 no Pará, seis no Maranhão, um no Amazonas e um em Mato Grosso. Além disso, das 144 pessoas que receberam ameaças de morte no campo, 93 estão na Amazônia. E é neste território que 30 das 59 tentativas de assassinato aconteceram.
De acordo com Siqueira, a Amazônia é hoje a região de maior intensidade nos conflitos agrários no Brasil. Ano passado foram assassinados inúmeros camponeses, indígenas e lideranças populares. E em 2016 já foram cinco assassinatos em território da Amazônia. (pulsar/cpt)