Sindicatos de jornalistas e entidades de direitos humanos que atuam na defesa da liberdade de informação dizem que as autoridades públicas negligenciam as ameaças contra os profissionais e cobram ações rápidas e efetivas nas investigações desse tipo crime. Os crimes costumam ocorrer contra jornalistas que investigam temas como corrupção e crime organizado.
No último domingo (24), o jornalista João Miranda do Carmo, de 54 anos, foi morto a tiros em frente à sua casa, em Santo Antônio do Descoberto, Goiás. Ele era responsável pelo portal SAD Sem Censura e conhecido por produzir e publicar matérias com denúncias contra políticos, agentes públicos e o crime organizado.
De acordo com Thiago Firbida, oficial do programa de proteção e segurança de liberdade de expressão da ONG Artigo 19, os casos de assassinato de jornalistas normalmente são precedidos de ameaças e intimidações que, por conta da falta de ação do poder público, acabam se intensificando. Ele afirma que muitas vezes as ameaças de morte se transformam em homicídio.
Segundo Thiago, dar publicidade às ameaças contribui para inibir a ação de criminosos, e a divulgação do crime pode ajudar na aceleração de processos judiciais e criminais e elucidação dos casos. Contudo, a resolução de muitos casos esbarra no poder político dos mandantes. Ele lembra que “Em grande parte, são políticos, policiais, pessoas que têm poder político e econômico para interferir nas investigações e dificultar a resolução do caso. Nesse tipo de crime contra comunicadores, a impunidade ainda é o padrão.”
Segundo relatório preparado pela Artigo 19, em 2015, os índices de violência contra jornalistas no Brasil foram alarmantes, com seis comunicadores mortos. O país ficou em terceiro lugar no ranking de violência nas Américas, atrás apenas do México e Honduras. (pulsar/rba)