Especialistas afirmam que a elevada incidência de tuberculose nos presídios brasileiros é uma emergência de saúde pública e de direitos humanos que demanda ações mais efetivas de controle, tratamento e prevenção.
Enquanto na população em geral a incidência da tuberculose está em 33 casos para 100 mil habitantes — o que já torna o Brasil um dos 20 países com alta carga da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) —, entre os detentos esse indicador sobe para alarmantes 932 casos. Os dados são de 2015, do Ministério da Saúde.
As condições precárias às quais muitos presos são submetidos, entre elas a superlotação e a falta de ventilação e iluminação nas unidades prisionais, favorecem a disseminação da doença cuja bactéria é transmitida pelo ar. Outras condições frequentes entre presos também os tornam ainda mais vulneráveis, como a infecção por HIV, a má-nutrição e o uso de drogas.
No Brasil, há mais de 600 mil detentos, é a quarta maior população prisional do mundo, formada principalmente por jovens negros, de baixa escolaridade e de baixa renda. O sistema está com 161 por cento de sua capacidade ocupada, o que significa que, em celas construídas para dez pessoas, há em média 16.
De acordo com Julio Croda, vice-presidente da organização Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede TB), a superlotação é o fator determinante para os altos índices de tuberculose nos presídios brasileiros. A população prisional é a mais vulnerável à doença, seguida da população em situação de rua, das pessoas vivendo com HIV e da população indígena. (pulsar/onu)