A recente medida do Congresso argentino de aumentar em 47 por cento os vencimentos de parlamentares em relação ao mês de outubro reacendeu no país uma antiga polêmica: a disparidade entre os ganhos de políticos tradicionais e o salário médio da população. A questão abarca toda a América Latina. Na região, o Brasil lidera o ranking de maiores rendimentos pagos a deputados e senadores – 33 mil 763 reais. O país é seguido por Chile, Colômbia e México.
No Brasil, o valor pago a congressistas equivale a quase 40 vezes o salário mínimo, de 880 reais. O valor praticamente triplica quando considerados os cerca de 50 mil reais que deputados recebem como auxílio-moradia, passagens e ajuda de custo – além de terem direito a cinco voos mensais e 97 mil 116 reais para pagarem até 25 funcionários vinculados aos seus gabinetes. Já os senadores, além dos salários, recebem ainda 69 mil como apoio às atividades legislativas, bem como 159 mil para gastos com até 55 assessores.
No segundo lugar, os membros do Legislativo chileno recebem salários equivalentes a 32 mil 640 reais. Tal como no Brasil, ao valor são adicionadas verbas para passagens áreas, gastos com automóveis, gasolina e material de escritório. A Colômbia ocupa o terceiro lugar: seus parlamentares recebem pouco mais de 30 mil reais, sem contar os adicionais, enquanto o salário mínimo é de aproximadamente 750 reais.
Abaixo dos três primeiros está o México, com salário líquido dos congressistas no patamar de 22 mil 400 reais, montante que chega a 48 mil quando levadas em conta as verbas adicionais. O salário mínimo no país é um dos mais baixos da América Latina, valendo 320 reais.
O aumento aos parlamentares argentinos ocorre em meio a situação econômica delicada no país. Mais de um terço dos argentinos se encontram em situação de pobreza. Estimativas independentes da Universidade Católica da Argentina indicam que, desde janeiro de 2016, um milhão e 400 mil pessoas tiveram suas condições de vida deterioradas, caindo abaixo do limite da pobreza. Apesar das promessas de Mauricio Macri, baseadas em um programa de corte de investimentos públicos e arrocho fiscal, a inflação persiste no patamar dos 40 por cento. De acordo com parte da oposição ao seu governo, o valor dos salários caiu dez por cento, ao passo que o das aposentadorias recuou 15 por cento. (pulsar/brasil de fato)