Os professores do ensino público estadual do Paraná suspenderam na manhã desta segunda-feira (9) a greve iniciada há quase um mês para fazer frente a uma série de medidas adotadas pelo governador tucano Beto Richa e que ameaçava conquistas históricas da categoria. Com a suspensão, os professores permanecem em estado de greve, o que permite a retomada da paralisação no caso de o governo descumprir os compromissos assumidos em negociações no decorrer das últimas semanas, mas pretendem voltar ao trabalho na próxima terça-feira (10) e realizar dois dias de organização pedagógica. O início do ano letivo nas escolas estaduais paranaenses deve ocorrer somente na quinta-feira (12).
A suspensão ocorreu no 29º dia de paralisação. No decorrer da última semana, o governo afastou-se do diálogo com os professores e optou pela judicialização do debate. Acatando um pedido do Estado, o desembargador Luiz Mateus de Lima ordenou em caráter liminar a volta às aulas e autorizou o uso da força pela polícia em caso de piquetes em frente às escolas. Caso descumprisse a medida, a APP Sindicato estaria sujeita a multa de 20 mil reais por dia e o Estado estaria autorizado a descontar as faltas dos professores a partir desta segunda. Ainda assim, o desembargador não declarou a greve ilegal e aceitou mediar as negociações entre governo e professores.
A mediação do Tribunal de Justiça do Paraná acabou por viabilizar um avanço visto pelos professores como importante: o estabelecimento de uma data para o pagamento das progressões e promoções atrasadas desde o ano passado. No decorrer das negociações, o governo havia se comprometido a implementar as promoções e progressões do ano passado nos meses de maio para os funcionários das escolas e de junho para os professores. Não havia, porém, previsão de quando seriam pagos os atrasados.
Diante da justiça, o governo comprometeu-se a depositar os atrasados em agosto para os funcionários e em outubro para os professores.Ontem, em uma reunião que estendeu-se por seis horas, 25 dos 29 núcleos estaduais da APP Sindicato defenderam a suspensão da greve e a retomada das aulas.
Na assembleia realizada nesta segunda, cinco professores defenderam a continuidade da paralisação e cinco discursaram em favor da suspensão. Na votação, a categoria decidiu pela suspensão do movimento e a manutenção do estado de greve. (pulsar/rba)