Menos de 48 horas depois de deixar o Hospital da Vida, em Dourados (MS), Simão Guarani e Kaiowá, sobrevivente do Massacre de Caarapó, sofreu emboscada durante a noite de domingo (26) na casa que divide com a esposa e uma filha na Reserva Tey’i Kue, inserida nos limites de demarcação da Terra Indígena (TI) Dourados Amambai Peguá, no município de Caarapó.
O indígena percebeu a movimentação de indivíduos não identificados que se aproximaram da sua moradia e logo falou para a mulher fugir com a filha. Impossibilitado de correr, pois ainda se recupera de um ferimento causado por uma arma de fogo, Simão se escondeu na plantação de mandioca da família.
O indígena foi ferido durante a invasão de fazendeiros no último dia 14 à retomada Yvu, tekoha – lugar onde se é – Tey’i Jusu, TI Dourados Amambai Peguá. A ação criminosa, cujos indícios apontam para o envolvimento de empresa de segurança, terminou com o assassinato do agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza e outros seis Guarani e Kaiowá feridos com gravidade por disparos de arma de fogo, entre eles Simão e uma criança de 12 anos.
Com lanternas e encapuzados, ao menos três indivíduos, conforme visualização e relato de Simão, vasculharam a moradia. Contudo, não procuraram pelo Guarani e Kaiowá nas imediações da casa, onde está o roçado de mandioca no qual Simão se embrenhou para escapar da emboscada. Na fuga, a filha de Simão caiu e bateu a cabeça, mas sem gravidade – o indígena, a mulher e a criança passam bem. A Força Nacional, enviada ao município de Caarapó depois do massacre, se retirou da aldeia horas antes da emboscada – o contingente policial não tem ficado à noite na terra indígena. (pulsar/combate ao racismo ambiental)