Cerca de duas mil pessoas de movimentos populares e sindicais ligados à Via Campesina ocuparam o Ministério do Planejamento, em Brasília, na manhã desta segunda-feira (5). A ação faz parte da Jornada de Lutas Unitária dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que engloba ações como trancamentos de rodovias, ocupações e atos em diversos estados até a próxima quarta-feira (7).
De acordo com Maria Cazé, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a principal pauta dos movimentos é a defesa da democracia ante o golpe com o afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff, após a votação do impeachment no Senado.
O movimento se opõe à retirada de direitos defendidas pelo governo não eleito de Michel Temer (PMDB), que na visão da coordenadora do MPA, são retrocessos “extremamente graves” não apenas para os trabalhadores do campo, mas para o avanço do país.
Maria afirma que a reforma agrária é pauta prioritária das ações desta semana, que reivindicam o assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo país. O governo Temer, ainda no período interino, assinalou que entre suas propostas para a área está a entrega de títulos de propriedade para assentados da reforma agrária e a revogação da lei sobre a venda de grandes lotes de terras a estrangeiros, proibida desde 2011. Para a coordenadora, que afirma que os camponeses “não querem títulos, mas terras”, isso facilitará “a entrega das terras” e incidirá em uma “perda de soberania sem tamanho”.
Além disso, o movimento critica a reforma da Previdência do peemedebista, que propõe a equiparação de idade de aposentadoria entre homens e mulheres e entre os trabalhadores do campo e da cidade, e pede a restituição do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) – a extinção da pasta, que pertence agora ao Desenvolvimento Social, foi uma das primeiras medidas Temer ao assumir a presidência.
A demarcação de terras indígenas e quilombolas também é uma das exigências da jornada. Cléber Buzatto, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), conta que são esperados mais bloqueios dos procedimentos de demarcação das terras.
A Jornada de Lutas do Campo também integra a Vigésima Segunda edição do Grito dos Excluídos, na próxima quarta-feira (7). (pulsar/brasil de fato)