O perfil de estudantes nas universidades federais brasileiras está mudando, com a inclusão de mais estudantes negros e de faixas mais baixas de renda. É o que diz relatório da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Segundo a pesquisa, o número de estudantes autodeclarados pretos ou pardos aumentou de 28 por cento para 37 por cento entre 2003 e 2014. Além disso, os dados analisados mostram que, de 2010 à 2014, o número de alunos com renda inferior a três salários mínimos, ou dois mil 640 reais, aumentou de 40,66 para 51,43 por cento. Enquanto isso, alunos com renda entre sete mil 920 e oito mil e 800 reais (nove a dez salários mínimos) caiu de 6,57 para 2,96 por cento. O número de alunos com renda superior a dez salários também caiu e foi de 16,72 por cento em 2010 para 10,6 por cento em 2014.
Entre os fatores que podem explicar a mudança, o relatório cita como principais a Lei de Cotas, de 2012, e a mudança no perfil de alunos que prestam o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) anualmente, associado ao crescimento do número de universidades que adotaram o Sistema Único de Seleção Unificada (SISU).
Segundo Ângela Paiva Cruz, presidenta da associação, os dados evidenciam que o mito de que universidade federal seria para as elites começa a cair. Mas a presidenta admite que ainda há muito a ser feito e lembra do baixo índice de jovens matriculados no ensino superior: atualmente, o Brasil conta com 17 por cento da população jovem cursando graduação.
Um dos professores responsáveis por coordenar as pesquisas, Paulo Márcio de Faria e Silva, afirmou que o ingresso de negros e das classes D e E nas universidades federais deve aumentar, também, sua participação no mercado de trabalho. (pulsar/revista fórum)