Um mapa interativo que compilou os dados dos relatórios anuais feitos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI)com o número de assassinatos contra a população indígena aponta que uma em cada duas dessas mortes ocorre no Mato Grosso do Sul. Os números estão disponíveis na plataforma CACI (Cartografia dos Ataques Contra Indígenas), feita pelo site InfoAmazônia.
Desses assassinatos no Mato Grosso do Sul, 89 por cento foram cometidos contra indígenas da etnia Guarani-Kaiowá. Para Marcelo Zelic, fundador do Armazém Memória e pesquisador da história recente das violações contra povos indígenas, há um genocídio em curso contra esse povo.
Os dados do CACI, que em guarani também significa dor, ficam disponíveis em um mapa interativo e podem ser filtrados de acordo com os povos, estados, o ano ou período. A plataforma também possibilita o cruzamento dos casos de homicídios com as áreas de desmatamento e construção de hidrelétricas. O mapeamento reuniu os números dos últimos 30 anos. Desde então, 947 índios foram assassinados em todo território brasileiro.
Dentro desse cenário, Tiago Karaí, liderança guarani-mbya e um dos coordenadores da Comissão Guarani Yvyrupa, organização indígena autônoma que congrega os povos guarani do Sul e Sudeste do Brasil, disse que para ser um indígena no Brasil é preciso “estar afiado e com as flechas prontas para ir para luta”. Para ele, a questão indígena não é tratada com a seriedade que deveria porque fere os interesses dos poderosos e atrapalha o que eles chamam de progresso. (pulsar/portal fórum)