Um protesto histórico contra o feminicídio ocupou as ruas da Argentina na última quarta-feira (19). Convocadas pelas redes sociais, milhares de mulheres vestiram roupas pretas e, durante uma hora pararam suas atividades em uma greve simbólica contra o feminicídio, a violência de gênero e a discriminação contra a mulher no trabalho.
No final da tarde, uma multidão reuniu-se em frente ao Obelisco – cartão-postal de Buenos Aires – e marcharam com guarda-chuvas até a Praça de Maio, em frente ao palácio presidencial. A manifestação, convocada pelas redes sociais, é a terceira contra o femenicídio feita na Argentina. Dessa vez, as mulheres também fizeram greve e marcharam pela igualdade de direitos no mercado de trabalho.
Na universidade pública Três de Febrero, as funcionárias foram trabalhar de preto. No horário da manifestação, uma da tarde, todas baixaram os braços. Foram até a calçada e fizeram barulho, batendo colheres contra xícaras. Em outros pontos da capital argentina, mulheres foram ao trabalho com tambores e improvisaram batucadas de protesto nas calçadas molhadas.
O estopim do protesto foi Lucía Perez, de 16 anos. Ela foi violentamente estuprada, torturada e morta na cidade balneária de Mar del Plata. Os assassinos lavaram, vestiram e levaram a vítima a uma clínica de reabilitação, na esperança de que a morte dela fosse atribuída ao excesso de drogas.
O Registro Nacional de Feminicídios, da Suprema Corte de Justiça argentina, indicou que em 2015 houve 235 mulheres assassinadas, uma a cada 36 horas. Cerca de 18 por cento das vítimas tinha menos de 20 anos, 43 por cento entre 21 e 40 anos, 25 por cento entre 41 e 60, e 9 por cento mais de 60. Em mais da metade dos casos, os agressores foram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
*Com informações da Agência Brasil e Uol