Cerca de 700 mil pessoas passam fome e enfrentam desnutrição no Paraguai, apesar de o país produzir comida suficiente para o equivalente a quase nove vezes sua população — de quase sete milhões de habitantes. Atualmente, o setor agrícola é responsável por aproximadamente um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), mas apenas seis por cento da terra cultivável está disponível para a produção nacional de alimentos. Os outros 94 por cento são reservados a culturas de exportação.
Cerca de 300 mil pequenos agricultores e suas famílias não têm qualquer tipo de acesso a territórios onde poderiam morar e trabalhar. Estimativas indicam que de dois a três por cento da população paraguaia detém entre 60 e 80 por cento da terra no país.
De acordo com a relatora especial das Nações Unidas sobre o direito a alimentação, Hilal Elver, o destino de muitos agricultores familiares que se veem obrigados a abandonar seus meios de subsistência é a migração para os centros urbanos, onde vivem em situações precárias.
A relatora lembra que a expansão do cultivo da soja veio acompanhada do uso excessivo de pesticidas. Segundo ela, a utilização dessas substâncias pode ter consequências perigosas para a saúde, e a falta de monitoramento e reparações — em eventuais casos de danos à integridade dos indivíduos — poderiam constituir violações dos direitos humanos.
Embora não tenha registrado uma diminuição significativa nos níveis de desnutrição, o Paraguai observou um aumento considerável das taxas de sobrepeso, que já afeta mais de 50 por cento da população. (pulsar/onu)