Resistência é a palavra que guia a comunidade do Quilombo Sacopã, localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas. A luta principal era permanecer no território herdado pela família descendente de escravos, que vive nessa área há várias gerações.
A conquista veio em 2014, com o título de domínio sobre uma área de cerca de sete mil metros quadrados. A documentação foi entregue pelo governo federal e era reivindicada há 50 anos. Agora a luta é pelo reconhecimento cultural. Desde 1989, os quilombolas são proibidos de realizar atividades de jongo, capoeira, feijoada e roda de samba.
No mês de junho, um dos líderes da comunidade, José Luiz Pinto Júnior, conhecido como Luiz Sacopã, quase foi preso por organizar oficinas de jongo e capoeira.
Por estar localizado em um dos bairros mais luxuosos do Rio, o quilombo incomoda muita gente, especialmente membros da Justiça do Rio de Janeiro que moram próximos à comunidade.
Luiz Sacopã afirma que a comunidade não consegue ganhar nenhuma causa quando o assunto é tratado pela Justiça estadual. Ele conta que no ano passado a comunidade inteira ficou 10 dias em prisão domiciliar, devido a atividades culturais realizadas.
O Sacopã é o primeiro quilombo urbano do Brasil, reconhecido pela Câmara de Vereadores do Rio como área de interesse cultural, desde 2012. Com o título, os quilombolas deveriam ter todos os direitos reconhecidos, inclusive os culturais.
Mesmo sendo proibidas pela Justiça, as oficinas de jongo e capoeira podem voltar nos próximos meses. A comunidade está dialogando com a Defensoria Pública da União para ter garantia legal e poder realizar essas atividades.
Luiz promete que, mesmo correndo o risco de ser preso, as oficinas vão voltar. De acordo com a liderança do quilombo, a resistência é a principal marca da comunidade. (pulsar/brasil de fato)