O primeiro aniversário de um filho costuma ser daqueles momentos inesquecíveis. Mas no Centro de Referência para Gestantes Privadas de Liberdade a situação é bem diferente: mais do que marcar os primeiros 12 meses de vida do bebê, o aniversário de um ano representa a dolorosa separação de mãe e filho. A partir daquele momento, a detenta que ainda tem pena a cumprir é enviada a outro presídio e o bebê entregue para algum familiar.
Essa e outras histórias sobre o cotidiano do único presídio feminino do Brasil construído especialmente para abrigar mulheres grávidas integra o livro Mães do Cárcere, da jornalista Natália Martino e do fotógrafo Leo Drumond. Com lançamento previsto para maio de 2017, o projeto alcançou a arrecadação necessária para ser impresso em um site de financiamento coletivo.
Inaugurado em 2009, o Centro de Referência para Gestantes Privadas de Liberdade, em Vespasiano, Minas Gerais, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, abriga entre 60 e 70 mulheres, a maioria presa por tráfico de droga e quase metade em regime provisório, ainda à espera de julgamento, situação comum no sistema prisional brasileiro. Para retratar a vida desse presídio, Natália Martino e Leo Drumond frequentaram o local durante um ano.
Com fotos e textos em 208 páginas, o livro Mães do Cárcere apresenta as histórias de 10 das mulheres entrevistadas, narradas em primeira pessoa “com preservação das suas gírias, metáforas e ênfases”. A publicação tem ainda observações pessoais sobre o presídio, dados estatísticos do sistema penal e desafios sobre o tema das mães encarceradas.
Atualmente, o Brasil é o quarto país com a maior população carcerária do mundo, com 622 mil pessoas presas – deste total, 24,3 por cento por tráfico de drogas, 25,4 por cento por roubo, 12,5 por cento por furto e apenas 9,7 por cento por homicídio. (pulsar/rba)