Para o coordenador de relações sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Fausto Augusto Júnior, a proposta de reforma da Previdência encaminhada ao Congresso Nacional pelo governo de Michel Temer (PMDB) é um “absurdo” e faz parte de um processo de desconstrução do sistema previdenciário como o conhecemos.
Para Fausto, “de um ponto de vista bem objetivo, estamos falando que vamos deixar em torno de 70 por cento da população fora do sistema previdenciário. Mais grave do que isso é que é uma proposta para a desconstrução do setor da Previdência pública, no Brasil”.
Segundo ele, com as dificuldades de acesso aos benefícios previdenciários criadas pelas novas regras, a tendência é que aqueles que puderem migrar para a previdência privada deverão fazê-lo, em especial a classe média, o que fragiliza ainda mais o sistema. De acordo com Fausto, a tendência é que o sistema público da Previdência se pareça, cada vez mais, como uma política social, e não um direito.
Mais grave ainda, segundo Fausto Augusto, é desvincular o reajuste das aposentadorias do salário mínimo. Ele lembra que a redução das desigualdades sociais e regionais só foram possíveis graças, em grande medida, à política de valorização do salário mínimo adotada nos últimos anos que, através da Previdência, impactava em todas as regiões do Brasil, em especial nos lugares mais pobres do interior. (pulsar/rba)