Quase trinta anos após o fim da ditadura militar no Chile, um tribunal do país condenou à prisão 20 ex-agentes da polícia secreta do ex-ditador Augusto Pinochet, por crimes cometidos durante o período. As penas imputadas variam entre 100 dias e 17 anos de detenção.
Os réus foram condenados pelo sequestro e assassinato de 12 pessoas entre 1975 e 1977, no âmbito da chamada Operação Condor, uma campanha conjunta de repressão política promovida por ditaduras na América do Sul com apoio dos Estados Unidos.
A maioria das vítimas era militante de esquerda e foi sequestrada na Argentina, no Paraguai ou na Bolívia. Acredita-se que elas foram levadas à força ao Chile para depois serem torturadas e mortas. Algumas ainda listam oficialmente como desaparecidas.
Dois dos ex-agentes, Christoph Willike Floel e Raúl Iturriaga Neumann, foram condenados a 17 anos de prisão. Outros cinco réus receberam a pena de 15 anos; dois foram sentenciados a 10 anos; três ex-agentes, a sete anos; e outros quatro, a cinco anos de prisão.
Os quatro acusados restantes foram condenados a apenas 100 ou 300 dias de cárcere, por terem sido identificados como cúmplices dos crimes.
Todos eles foram agentes da chamada Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia secreta da ditadura militar de Pinochet (1973-1990). O órgão opressor funcionou entre 1973 e 1977, quando foi substituído pelo Centro Nacional de Informações (CNI).
Apesar dos poucos anos em vigor, a Dina foi responsável por vários casos de infiltração política e violações de direitos humanos, incluindo assassinatos, sequestros, estupros e tortura.
Segundo dados oficiais, cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do Estado durante a ditadura Pinochet, dos quais 1.192 ainda são listados como prisioneiros desaparecidos. Além disso, estima-se que 33 mil pessoas foram torturadas e presas por razões políticas. (pulsar/opera mundi)