Nas últimas semanas, no Rio de Janeiro, operações policiais e militares foram feitas nas favelas, alterando o cotidiano dos moradores e deixando mortos e feridos. Cerca de sete mil soldados das Forças Armadas desembarcaram em veículos blindados em oito favelas da cidade. Somente no Jacarezinho, na Zona Norte da cidade, foram sete mortos registrados em nove dias de intervenção militar.
Para o estudante Tarcísio Lima, de 22 anos, morador de Manguinhos, uma das favelas que também vivenciou a operação militar, a relação dos moradores com soldados e policiais é muito complicada. De acordo com ele, as forças de segurança fazem o papel de capitão do mato no século 21, pois não chegam para conversar, já chegam dando tiros.
Durante as operações militares nas favelas, 64 unidades de ensino municipais foram fechadas e quase 27 mil alunos ficaram sem aulas nos dois turnos. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, foram 41 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil fechados por uma semana. A moradora de Acari, também na zona norte, Buba Aguiar, de 25 anos, do coletivo Fala Acari, afirma que a militarização das favelas é um projeto do Estado para controle da população pobre e negra. Para ela, a paz para o asfalto significa a morte e derramamento de sangue do povo negro e das favelas.
No primeiro semestre deste ano foram registrados 581 casos de mortes em decorrência de intervenções policiais, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão da Secretaria Estadual de Segurança. Um aumento de 45,3 por cento se comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados apontam ainda que até o mês de agosto, 97 policiais foram mortos no estado do Rio. (pulsar/brasil de fato)