No Brasil, morreram 187 crianças e adolescentes com idades entre cinco e 17 anos durante o trabalho nos últimos oito anos. Outros 518 jovens tiveram a mão amputada em acidentes na jornada de trabalho. Essas mortes e amputações fazem parte dos 20 mil 770 casos graves de acidentes trabalhistas envolvendo crianças e adolescentes entre 2007 e 2015. Os dados são do Sinan (Sistema de Informações de Agravo de Notificação) do Ministério da Saúde.
O Sinan reúne as informações fornecidas pelos agentes da rede pública de saúde sempre que for constatado, durante o atendimento médico, que há indícios que o acidente ou o adoecimento tem relação com alguma atividade profissional.
De acordo com Isa Maria Oliveira, secretaria-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, os dados dão um panorama da face trágica do trabalho infantil no país. Porém, ela acredita que existe subnotificação e que o número de mortes e mutilações são bem maiores. Segundo os dados do fórum, as regiões Sul, Norte e Nordeste têm os maiores índices de trabalho infantil.
A maioria das vítimas trabalhava como açougueiro, servente de obras, empregado doméstico, atendente de lanchonete, trabalhador agropecuário, entre outras atividades consideradas de alto risco e, por isso, proibidas por lei para menores de 18 anos.
Para Isa Maria, a sociedade também precisa se responsabilizar pelo aumento do trabalho infantil. Ela afirma que há um falso mito de que ‘é melhor estar trabalhando do que roubando’, porém, é comprovado que o resultado é perverso e essa não é uma solução, pois reduz as chances de qualificação profissional e causa a baixa escolarização. (pulsar/andi)