Por 129 votos a favor e 125 contra, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou o Projeto de Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez no país, nesta quinta-feira (14). A sessão dos parlamentares durou quase 22 horas. Enquanto isso, cerca de um milhão de pessoas se reuniam em volta do Congresso argentino, além de outras mobilizações por todo o país, para aguardar o resultado.
Após a decisão, que ainda pode sofrer alterações textuais, o projeto será enviado para o Senado, onde também será votado, para posterior sanção presidencial.
O projeto e as mobilizações a favor foram impulsionados pela Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Gratuito e Seguro, que contou com a articulação de centenas de organizações.
A votação na Câmara foi acirrada. Até as últimas contagens, uma pequena diferença dava a vitória para a não aprovação do projeto. Contudo, os últimos posicionamentos de deputados indecisos deram a vitória para a “maré verde”, pelo sim na aprovação da proposta.
Durante meses, a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Gratuito e Seguro promoveu uma série de mobilizações, que ficaram marcadas pelo símbolo de um lenço triangular verde, que diversas militantes usavam para marcar sua luta.
Segundo os dados da Campanha, cerca de 600 mil mulheres abortam todo ano no país, o que comprova que a ilegalidade não proíbe que a prática aconteça, mas expõe as mulheres a mais riscos. De acordo com as estatísticas oficiais do Ministério da Saúde, cerca de 100 mulheres morrem por ano em decorrência de abortos inseguros. No entanto, para as organizadoras da campanha, há uma subnotificação das mortes por aborto clandestino. (pulsar/brasil de fato)