Os juízes brasileiros embolsaram no ano passado em média 46 mil e 100 reais mensais de remuneração. Em um país onde a renda per capita mensal foi de mil e 100 reais em 2015, segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é como se cada magistrado valesse 41 cidadãos. Os vencimentos dos 17 mil juízes foram conhecidos na última segunda-feira (17), em uma radiografia anual do Judiciário divulgada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão existente para fiscalizar tribunais. Os servidores à disposição dos juízes também ganharam bem: salário médio de 11 mil e 800 mensais em 2015.
Os contracheques no Judiciário nacional fazem dele o mais caro do planeta. No ano passado, o poder consumiu mais de 79 bilhões de reais dos cofres públicos, o equivalente a 1,3 por cento das riquezas geradas no período, ou seja, do PIB (Produto Interno Bruto).
O rendimento médio dos magistrados extrapola o valor que, pela legislação, deveria ser o limite máximo pago no serviço público: 33 mil e 700 mensais, salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma lei enviada pelo governo em setembro do ano passado ao Congresso a disciplinar o teto salarial dos servidores está parada na Câmara, por falta de interesse do Judiciário e dos deputados, muitos dos quais são investigados pela Justiça.
Se ajuda a brecar a votação do teto salarial, o Judiciário, ao menos na figura de representantes ilustres, saiu em defesa do teto de gastos que o governo Michel Temer quer aprovar para os próximos vintes anos,congelamento que afetará as verbas da saúde, educação e assistência social.
Na última sexta-feira (14), a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, recebeu em seu gabinete o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, autor intelectual da PEC 241, e mostrou simpatia pela proposta. Dias antes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, também do STF, mandou ao Congresso um comunicado de apoio ao congelamento. (pulsar/carta capital)