Um indígena da etnia Kaiowá foi assassinado num ataque dentro da Terra Indígena (TI) Dourados-Amambai Pegua I, no município de Caarapó (MS), cidade localizada a 273 quilômetros da capital Campo Grande. O jovem que tinha cerca de 25 anos era agente de saúde indígena e foi baleado na manhã da última terça-feira (14). O tiroteio deixou ainda dez feridos, inclusive uma criança, segundo relatos da população da aldeia. As informações são do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Os feridos foram levados ao Hospital Beneficente São Mateus. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, entre os feridos, estão três policiais, um caminhoneiro e uma mulher indígena.
Matias Benno, missionário da regional do Cimi no Mato Grosso do Sul, conta que os primeiros relatos começaram a chegar às dez horas da manhã. O ataque teria sido promovido por um grupo de fazendeiros e pistoleiros.
Os indígenas denunciaram também que os primeiros tiros disparados foram de balas de borracha. A Polícia Civil afirmou que ainda está apurando o ocorrido e não forneceu informações sobre o caso.
Lideranças teriam denunciado às forças de segurança que carros estavam rondando a área desde o último domingo (12), quando cerca de 300 Guarani e Kaiowá retomaram uma pequena área de aproximadamente 5 mil hectares dentro dos limites da TI. A área total do território é de 55 mil hectares.
O missionário destacou que este foi o vigésimo quinto ataque paramilitar desde a morte de Oziel, última liderança sumariamente assassinada no estado. Benno se refere ao caso do indígena Terena Oziel Gabriel, assassinado em 2013 em Sidrolândia, município onde incide a Terra Indígena Buriti.
Os casos de violência praticadas contra os povos indígenas de 2000 a 2015 foram levados à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, através de uma Comissão Parlamentar do Inquérito (CPI), que ficou conhecida como a CPI do Genocídio. O relatório, que foi concluído no último dia 9, isentou a atuação do Estado nos crimes.
O missionário explica também que os indígenas esperam pelo processo de demarcação da TI, entre os rios Dourados e Amambai, há mais de dez anos. O reconhecimento da TI foi o último assinado por João Pedro Gonçalves à frente da Funai, em 12 maio de 2016. O estudo contempla sete terrirórios indígenas: Teyi Jusu, onde ocorreu o ataque, Javoray kue, Pindoroky 1, Pindoroky 2, Laguna joha, Urukuty e Itaguá.
Em nota, a Secretaria Especial de Saúde Indígena do ministério da Saúde (Sesai/MS) manifestou "pesar aos familiares" do jovem assassinado. "O agente foi morto covardemente, por homens armados que atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território próximo a aldeia Te' Ýikuê", diz o documento. (pulsar/brasil de fato)