A autodemarcação da Terra Indígena (TI) Sawre Muybu, que começou em outubro de 2014, continua avançando contra as hidrelétricas planejadas na bacia do Tapajós. Desde setembro de 2013 os Munduruku aguardam a Fundação Nacional do Índio (Funai) publicar o Relatório Circunstanciado que reconhece o vínculo histórico que eles têm com essa terra. Para todo o povo Munduruku, Daje Kapap Eipi é uma terra sagrada que lhes foi dada pelo Deus Karosakaybu, criador dos animais e do rio Tapajós. Para o governo e as empresas, um entrave na sua política desenvolvimentista de destruição.
O relatório está parado em Brasília por impedimento de arranjo interno do governo, como já declarou a ex-presidente interina da Funai, Maria Augusta Assirati. Se a Fundação publicar pode inviabilizar a usina de São Luiz do Tapajós, pois o alagamento previsto incide em grande parte da terra indígena em questão. Como a remoção de indígenas é proibida pelo artigo 231 da Constituição, a demarcação não é feita para alegar que a TI nunca foi reconhecida oficialmente.
A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça Federal de Itaituba, no Pará, intimou a Funai a pagar multa de três mil reais por dia desde 6 de agosto por não cumprir a sentença judicial de que a demarcação deve prosseguir. Para a Justiça, a Funai alega que não há disponibilidade orçamentária para demarcações na região amazônica.
Enquanto o reconhecimento da TI Sawre Muybu não acontece, grupos madeireiros, palmiteiros e garimpeiros seguem ameaçando os índios e explorando ilegalmente o território sem nenhuma fiscalização. De acordo com os Munduruku, durante a autodemarcação são encontrados diversos pontos de destruição.
Os Munduruku são contra o projeto de desenvolvimento que promove catástrofes irreversíveis aos povos indígenas e ao meio ambiente e luta para que Tapajós não repita o que acontece na usina de Belo Monte. (pulsar/autodemarcação no tapajós)