Na noite do último domingo (30) por volta das nove da noite, famílias indígenas de Ñanderú Marangatú, no Mato Grosso do Sul, sofreram novamente com ataques paramilitares de fazendeiros armados e seus jagunços.
Os indígenas relataram para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que não houve um confronto, mas sim uma tentativa de massacre.
Desta vez o acampamento de retomada das famílias Guarani e Kaiowá foi invadido por mais de 60 pistoleiros, que entraram realizando disparos e ameaçando crianças, velhos, mulheres e homens. O novo ataque ocorreu sobre o território sagrado de Ñanderú Marangatú, no local onde se encontra a fazenda denominada Piquiri, sobreposta aos 9 mil e 300 hectares de chão tradicional homologados pela Presidência da República.
Ainda com as cicatrizes e traumas do ataque anterior, onde Semião Vilhalva, indígena de 24 anos, foi assassinado pelas milícias dos ruralistas à beira de um córrego quando procurava seu filho, as famílias relataram que apenas tiveram tempo de juntar alguns poucos pertences e correr para o meio da mata, buscando segurança para não serem também assassinadas.
A inércia do governo federal tem agravado a situação dos indígenas. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em sua última declaração voltada aos Guarani e Kaiowá, realizada em Brasília, no início deste mês, afirmou que não “baixaria nenhuma portaria declaratória” (procedimento demarcatório essencial e de sua responsabilidade) por conta da conjuntura de alta violência e de “ataques de direitos” por parte dos produtores rurais e da própria Justiça.
Os Guarani e Kaiowá exigem que seja feita justiça. Os indígenas reivindicam a punição imediata aos assassinos e mandantes e intervenção do Ministério da Justiça para garantir a segurança das famílias e coibir crimes em seus territórios. (pulsar/cimi)