Lucio Antonio Bellentani foi preso e torturado em 1972 pelos oficiais da Ditadura Civil-Militar Brasileira, após ser denunciado como militante comunista pelos seguranças do seu próprio local de trabalho: a Fábrica da Volkswagen, de São Bernardo do Campo, em São Paulo. A história dele é uma das retratadas no documentário “Cúmplices? A cooperação da Volks com a Ditadura Militar”, produzido pela TV pública alemã e que será lançado nesta quarta-feira (9), às sete horas da noite, em São Paulo.
A produção busca investigar justamente o apoio da indústria automobilística ao regime militar. A Volkswagen é acusada não apenas de vigiar e delatar funcionários através do Departamento de Segurança Industrial, mas também de ter chefiado um grupo de empresas brasileiras que financiaram a ditadura no país.
De acordo com Bellentani, a ditadura não foi simplesmente militar, foi uma ditadura civil-militar, porque foi financiada e sustentada por um grupo de empresas. Além da Volks, a Petrobras, o Metrô de São Paulo, a Antártica e a Embraer também foram financiadoras.
A denúncia sobre a atuação dessas empresas foi aceita pelo Ministério Público (MP) em 2015 com base nos relatos recolhidos pela Comissão Nacional da Verdade. A partir dessa coleta, o MP gerou um inquérito civil, com o objetivo de buscar uma reparação simbólica.
A Volkswagen chegou a contratar historiadores que comprovaram o envolvimento da empresa na ditadura brasileira. Mesmo assim, a empresa continua negando os fatos.
No documentário, entrevistas com o ex-presidente da empresa na Alemanha e com o ex-chefe de recursos humanos da fábrica no Brasil expõem a negligência com a história dos funcionários perseguidos.
Apesar de todas as violações vividas, Lucio Antonio Bellentani afirma que ainda tem esperança na responsabilização da Volkswagen.
A exibição do documentário acontecerá na Câmara Municipal de São Paulo. O material também está disponível gratuitamente na internet. (pulsar/brasil de fato)