Os Jogos Olímpicos começam oficialmente no próximo dia cinco de agosto. Antes disso, a expectativa é que o fim das obras olímpicas signifique a falta de emprego para um universo de cerca de 30 mil trabalhadores da construção civil.
De acordo com o presidente do sindicato, Nilson Duarte Costa, os cerca de 30 mil trabalhadores se envolveram nesse processo da Copa e da Olimpíada desde o início das obras, em 2012. O número de demissões começou a crescer em 2014, foram quase três mil. Já em 2015 foram oito mil e 500 trabalhadores demitidos. Este ano, com dados consolidados até maio, se contabiliza por volta de cinco mil demitidos. Atualmente são mais ou menos 14 mil trabalhadores envolvidos nas obras, mas a perspectiva é que a grande maioria também perca seu emprego ao fim dos projetos.
Além das obras para as instalações do Parque Olímpico, do Complexo Esportivo de Deodoro e da Vila dos Atletas, diversos outros projetos fizeram com que o Rio vivesse nos últimos anos um ótimo período com o setor de construção civil. Somente a Linha quatro do Metrô empregou 10 mil trabalhadores, além de outras grandes empreitadas como a revitalização do porto, a construção dos corredores de BRT Transbrasil (que ligará a Rodoviária Novo Rio a Marechal Deodoro, onde estão sendo finalizadas 11 arenas para os Jogos) e Transolímpico (entre a Barra e Deodoro), a reforma do Aeroporto do Galeão e a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para ligar a rodoviária ao Aeroporto Santos Dumont.
Havia trabalho de sobra, mas os ventos mudaram de direção. Em abril, de acordo com o mais recente boletim do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado pelo Ministério do Trabalho, as obras de edificação e infraestrutura empregavam 263 mil 179 trabalhadores no Rio de Janeiro. Se for feita a comparação com o número de trabalhadores registrados em abril de 2014 (323 mil 908), observa-se que em dois anos houve queda de 18,7 por cento nas vagas oferecidas pelo setor.
Antes do agravamento das crises política e econômica ao longo do ano passado, o poder público e as empresas sustentavam a existência de um cronograma de obras a serem iniciadas até 2020. Seu objetivo, entre outras coisas, era evitar que grandes contingentes de trabalhadores ficassem sem emprego após o término dos projetos que deveriam se encerrar antes da Olimpíada. O cronograma – que incluía a expansão do metrô para Niterói e São Gonçalo e a construção de uma nova estrada ligando o Rio a Angra dos Reis – foi, no entanto, sendo progressivamente esquecido e definitivamente abandonado com o início do governo do presidente interino, Michel Temer (PMDB). (pulsar/rba)