“Alfabetização midiática como ferramenta de transformação”. Essa foi a tese defendida por Alton Grizzle, representante da Divisão de Liberdade de Expressão e de Desenvolvimento da Mídia, vinculada à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Comunicação e Cultura), em seminário realizado na última segunda-feira (7), no Congresso Nacional, em Brasília.
Grizzle defendeu a posição durante sua palestra no seminário “Educação Midiática e Informacional no Brasil”, que teve como objetivo debater experiências de educomunicação nas escolas brasileiras e apresentar o projeto “Alfabetização Midiática e Informacional”, da Unesco.
O representante do escritório central da Unesco, em Paris, enfatizou que a entidade usa o termo “informação e alfabetização midiática” para o que no Brasil chamamos de educomunicação. Ele enfatiza que a educação deve potencializar a participação na vida econômica, pública e comunitária.
Sobre a mídia brasileira, Grizzle diz ter estranhado o fato de saber que com mais de mil escolas ocupadas pelos secundaristas, isso não é mostrado na mídia. Ele enfatizou ainda a necessidade de que se reconheça que cada cidadão é co-criador da informação e do conhecimento e que tem uma mensagem a dizer. Dessa forma, deve ser empoderado para que possa acessar os meios para expressar a sua própria comunicação.
A proposta central dos temas que envolvem educomunicação e alfabetização midiática é a de habilitar pessoas de todas as idades, de todos os sexos e de qualquer nível de instrução a ler, a interpretar a produção que hoje é responsável por expressar valores e ditar na sociedade o que deve ser feito e aceito. A importância desse tema é visível ao se observar os dados da Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, elaborado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, junto com o Ibope: a TV segue sendo a principal fonte de informação e entretenimento para 95 por cento da população, com os jovens de 14 a 25 anos assistindo uma média de quatro horas diárias. O uso da mídia digital aparece em segundo lugar, alcançando 48 por cento dos brasileiros, com um consumo de cinco horas diárias. O principal acesso da mídia digital são as redes sociais, em especial, o Facebook. (pulsar/observatório do direito à comunicação)