A maioria dos presos condenados na Argentina passou a infância em lares violentos, se tornaram adultos com uma arma na mão, saíram de casa antes dos 15 anos de idade, tiveram trabalhos de baixa qualificação e possuem entre 18 e 30 anos de idade. Os dados são indicados em um relatório recente do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Insegurança e Violência, da Universidade Três de Fevereiro, em Buenos Aires.
De acordo com o documento, quase a metade dos presos condenados na Argentina viveu em um lar com “moderada ou intensa violência” e um em cada cinco deles não conheceu a mãe ou o pai. A grande maioria deles cresceu em locais com altos índices de violência e possui amigos ou familiares que já praticaram algum delito de nível médio ou alto.
A pesquisa entrevistou mais de mil presos condenados e comparou os dados levantados com estudos similares no Brasil, Chile, El Salvador, México e Peru. A Argentina registra, historicamente, a menor taxa de população carcerária em relação aos demais, sendo 11 por cento mais baixa do que a do México e 65 por cento menor do que a de El Salvador.
Além disso, o estudo aponta que os presídios latino-americanos estão ocupados por jovens de baixo nível de instrução formal e que tiveram infância e adolescência conflitivas. Um quinto dessa população não concluiu o Ensino Fundamental e, mesmo que 71 por cento tenham trabalhado antes de serem detidos, a metade estava em postos de trabalho de baixa qualificação, recebiam remuneração abaixo do salário mínimo, tinham trabalhos temporários e instáveis e demonstravam altos graus de insatisfação.
Quase 80 por cento dos internos argentinos disseram ter tido arma de fogo alguma vez em sua vida. Segundo o estudo, na Argentina é mais fácil e barato ter acesso a esse tipo de armamento do que em outros países latino-americanos. Um total de 62 por cento dos presos estavam armados no momento em que cometeram o delito pelo qual foram condenados. A maioria deles está presa por roubo e cerca de 20 por cento por crime de homicídio. (pulsar/adital)