Trabalhadores rurais temem que o decreto que flexibiliza a posse de armas de fogo agrave a violência no campo. Anunciado na última terça-feira (15) pelo presidente Jair Bolsonaro, o decreto não impõe maiores restrições sobre o uso de armamentos nas áreas rurais que, só no ano passado, período considerado o mais violento segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), 70 pessoas foram assassinadas, em sua maioria, agricultores familiares e indígenas.
O relatório da CPT aponta ainda que as mortes no campo decorrem em grande parte a mando dos latifundiários. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides dos Santos, a medida de Bolsonaro privilegiará os interesses destes setores e acirrará os conflitos por terra.
Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, devem ser legalizadas até oito milhões de armas no país, um número dez vezes superior as que já estão regularizadas, cerca de 800 mil. “A tendência é estarem armados aqueles que podem utilizar essas armas contra os próprios trabalhadores, agricultores, sem-terra, sem-teto e (os que estão) na luta por espaço e condições para viver melhor. Então poderá sair armado o proprietário que tiver áreas improdutivas e as milícias privadas”, afirma o presidente da Contag. (pulsar/rba)