Doze de agosto de 2013. Após 48 horas de viagem desde o interior de Pernambuco, um ônibus lotado de operários estacionou em frente ao escritório da construtora OAS, em Guarulhos. Começava, naquela noite, uma das ocorrências mais dramáticas de trabalho escravo da história do país. Mais de cem trabalhadores foram escravizados durante as obras do Terminal Três do maior aeroporto do país, que ampliava sua estrutura para a Copa do Mundo de Futebol.
As violações de direitos na construção do terminal foram comprovadas por auditores fiscais e por procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT). Para evitar a condenação judicial, a OAS firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e desembolsou 15 milhões de reais, em um acordo com o MPT. Foi o maior valor firmado até então em um caso de trabalho escravo no Brasil.
Além de indenizar os trabalhadores e solucionar os problemas identificados nas obras do aeroporto de Guarulhos, o valor pago pela OAS financiou a execução de projetos sociais e educativos. Um desses projetos é o documentário “Terminal 3”, que estreia nos cinemas na próxima quinta-feira (1º). Selecionado para a Sexta Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, em São Paulo, o filme se propõe a contar o drama do trabalho análogo à escravidão sob o ponto de vista dos operários.
De acordo com Marques Casara, um dos diretores do documentário, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é o principal financiador do trabalho escravo hoje, no Brasil. Ele tem uma política de controle e acompanhamento das cadeias produtivas das empresas que, deliberadamente, oculta essas violações. Ainda segundo levantamento do diretor, o trabalhador da construção civil se encontra em grande vulnerabilidade, com participação direta de grandes empresas que se beneficiam do trabalho escravo.
A primeira exibição do filme acontece nesta quinta (1º) no Circuito Spcine, no Centro Cultural São Paulo, Sala Lima Barreto. (pulsar/brasil de fato)