O documentário ‘Nossos Mortos Têm Voz’, lançado no ultimo dia 27 no Cine Odeon, no centro do Rio de Janeiro, resgata a história da chacina cometida por policiais nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, na baixada fluminense. O episódio, que completa 13 anos neste mês, deixou 29 mortos.
Um dos diretores do documentário que foi produzido pela Quiprocó Filmes, Fernando Sousa, destaca a urgência do tema da violência do Estado ser amplamente debatido, principalmente após os casos envolvendo a vereadora Marielle Franco, do PSOL, as chacinas na favela da Rocinha e no município de Maricá. Sousa ressalta que a violência na Baixada Fluminense tem peculiaridades.
Segundo ele, a violência de Estado na Baixada Fluminense ganha uma configuração específica, na medida em que grupos de extermínio e esquadrões da morte se articulam com as diferentes instâncias dos poderes públicos locais, como o Legislativo, Executivo e o Judiciário. Ele ressalta ainda que o filme parte da chacina na Baixada para abordar outros casos de violência de Estado na região, como casos de desaparecimentos forçados na Baixada.
O processo de produção do filme durou cerca de um ano. O diretor relata que o documentário é um grito pela vida e teve como principal desafio a abordagem do tema da violência do Estado com as famílias atingidas.
De acordo com o diretor, ao longo do processo de produção a equipe realizou contato com 6 famílias e entrevistaram 6 mães. Sousa destaca que foi um processo duro para todas as mães envolvidas, pois tratar deste assunto é sempre mexer numa ferida que não cicatriza.
O documentário ‘Nossos Mortos Têm Voz’ contou com o apoio do Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, o Fórum Grita Baixada e a Miserior. O filme não está no circuito comercial, a agenda de exibição pode ser conferida na página do Facebook ‘Nossos Mortos Têm Voz’. Uma estreia oficial da produção acontecerá na Baixada Fluminense. (pulsar/brasil de fato)