Os governos ao redor do mundo recorrem cada vez mais às redes sociais para manipular eleições e monitorar seus cidadãos, uma tendência preocupante para a democracia, alerta um relatório publicado na última terça-feira (5) pela ONG americana Freedom House. O Brasil está entre os três países que registraram queda mais expressiva na liberdade na internet, aponta o texto que denuncia a eleição de Bolsonaro como um fator decisivo para o aumento da desinformação no país.
A liberdade online registrou queda em 33 dos 65 países examinados, de acordo com a Freedom House. No último ano, as quedas mais expressivas aconteceram no Sudão e Cazaquistão, seguidos por Brasil, Bangladesh e Zimbábue.
“A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro de 2018 no Brasil foi um momento decisivo para a interferência digital no país. Atores não identificados montaram ataques cibernéticos contra jornalistas, entidades governamentais e usuários politicamente engajados, mesmo quando a manipulação da mídia social atingiu novos patamares. Os apoiadores de Bolsonaro e sua coalizão de extrema-direita ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’ espalharam boatos homofóbicos, notícias enganosas e imagens falsas no YouTube e WhatsApp. No cargo, Bolsonaro contratou consultores de comunicação que lideraram a sofisticada campanha de desinformação”, denuncia o relatório de 2019 “Freedom on the Net” (Liberdade na Rede).
O Brasil obteve 64 pontos em 100, contra 69 em 2018, e é considerado “parcialmente livre” pela ONG.
Em seu documento, a organização americana destaca evidências de “programas avançados de vigilância nas redes sociais” em pelo menos 40 de 65 países examinados. O relatório afirma que a liberdade na internet registrou queda pelo nono ano consecutivo. Em alguns países, as autoridades simplesmente eliminam o acesso à rede, enquanto outros Estados usam exércitos de propaganda para distorcer informações nas plataformas sociais, denuncia a ONG.
Em 47 dos 65 países estudados, pessoas foram detidas por suas opiniões políticas, sociais ou religiosas compartilhadas on-line. Em pelo menos 31 países, internautas foram submetidos a violência física por suas atividades na web. (pulsar/carta capital)