As 40 famílias do território quilombola Buri, localizado no município de Maragogipe, no Recôncavo baiano conquistaram a publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) no Diário Oficial da União na última terça-feira (7).
O relatório, produzido por técnicos da Superintendência Regional do Incra na Bahia, é o primeiro passo para a titulação coletiva das famílias remanescentes de quilombo do Buri. Com isso, os moradores poderão ser contemplados com políticas públicas como eletrificação, saneamento básico e sistema de abastecimento de água, entre outras.
A antropóloga do Serviço de Regularização de Territórios Quilombola do Incra/BA, Elisa Cunha, que produziu o relatório antropológico, conta que as famílias vivem numa situação precária e a regularização fundiária permitirá que elas tenham acesso a políticas que garantam autonomia.
Uma das líderes do Buri, a matriarca Zelzira Ferreira Lima, 70 anos, conhecida como “Dona Nini”, destaca, com alegria, que as famílias vão ficar muito contentes com a notícia.
O RTID reúne peças técnicas, relatório antropológico e plantas com delimitação do território e aborda aspectos agronômicos, ambientais, fundiários e geográficos. O território quilombola Buri é margeado pelo rio Paraguaçu, na região do Recôncavo baiano, que, no período colonial, era pujante com seus engenhos de cana-de-açúcar e cultivo do fumo, empregando muita mão de obra escrava.
As famílias pescam e mariscam, além de cultivar roças de mandioca, abacaxi, melancia e pequenas hortas. Eles tanto consomem quanto comercializam a produção no Distrito de São Roque do Paraguaçu, onde o território está inserido.
Nesse distrito, existem um estaleiro e uma plataforma que aqueciam a economia do local. Atualmente, o movimento enfraqueceu, o que prejudica o comércio dos quilombolas do Buri e torna mais essencial a conclusão da regularização fundiária do território para a comunidade. (pulsar/combate ao racismo ambiental)