O desgaste do governo Bolsonaro deve aumentar nos próximos meses, disse nesta segunda-feira (8) o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp). “O país não mostrou melhorias nesses seis meses, desde que o Bolsonaro chegou ao poder. Uma vez que o governo não consegue angariar um desenvolvimento econômico e a melhoria de vida da população, a tendência é que esse desgaste se acentue nos próximos meses”, disse em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.
Ramirez comentou a pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda (8), que revela que Jair Bolsonaro é o presidente em primeiro mandato com a pior avaliação desde Fernando Collor de Mello. Segundo o estudo, 33 por cento avaliam o governo de Bolsonaro como ótimo ou bom, enquanto ao seis meses de mandato, Collor tinha 34 por cento de avaliação boa ou ótima.
Para 31 por cento, o governo de Bolsonaro é regular e, para 33 por cento dos entrevistados, é ruim ou péssimo. A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 4 e 5 de julho e ouviu duas mil 860 pessoas, em 130 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Para ele, contribuem para a avaliação negativa do governo Bolsonaro, a percepção cada vez maior de que a “reforma” da Previdência prejudicará a população mais pobre e a classe média que ganha entre dois e seis salários mínimos, que também terá o poder aquisitivo enfraquecido ao se aposentar. Niccoli Ramirez lembra que as previsões do PIB (Produto Interno Bruto) caem toda semana, e que a economia é sempre o sustentáculo de qualquer governo. Neste contexto, o cientista político acredita que cada vez mais a população tende a se opor ao discurso de Bolsonaro, marcado pela ignorância com relação a diversos temas. “Tudo isso vai revoltando a população e a popularidade cai.”
No sábado (6), a pesquisa Datafolha mostrou que 58 por cento dos entrevistados acreditam que a postura de Sergio Moro como juiz foi inadequada na âmbito da operação Lava Jato. O mesmo percentual defende que as suas decisões sejam revistas caso as conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil sejam comprovadas. (pulsar/rba)