A Anistia Internacional publicou na última terça-feira (22) um balanço das operações policiais e da segurança pública durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Para a associação, o legado dos Jogos foi “destruído com pelo menos oito mortes e protestos pacíficos fortemente reprimidos”.
Em 2016, as mortes cometidas por agentes do Estado aumentaram mês a mês, segundo o Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Este ano, a polícia foi responsável pela morte de 35 pessoas em abril, 40 em maio e 49 em junho – mais de uma por dia.
Operações policiais violentas foram realizadas durante todo o período dos jogos em diversas áreas do Rio de Janeiro, incluindo Acari, Cidade de Deus, Borel, Manguinhos, Alemão, Maré, Del Castilho e Cantagalo.
Pelo menos oito pessoas foram mortas durante operações policiais (três em Del Castilho, quatro na Maré e uma no Cantagalo); nas favelas de Acari e Manguinhos também há informações sobre mortos durante operações.
Moradores dessas áreas também relataram outras violações de direitos humanos, tais como invasões de domicílio, ameaças diretas e agressões físicas e verbais por parte da polícia.
Na primeira semana dos Jogos Olímpicos, que foi de cinco a 12 de agosto, 59 tiroteios foram registrados na região metropolitana do Rio de Janeiro, uma média de 8,4 por dia (quase o dobro da semana anterior, com média de 4,5 – 32 no total). No mesmo período, de acordo com dados do aplicativo Fogo Cruzado, pelo menos 14 pessoas foram mortas e outras 32 ficaram feridas devido à violência armada.
Além dos casos de homicídio, as manifestações públicas pacíficas que ocorreram no Rio de Janeiro, nos dias cinco e 12 agosto, foram reprimidas com uso excessivo da força, incluindo armas menos letais, como gás lacrimogêneo e de choque. Várias pessoas foram detidas e manifestantes que carregavam faixas ou vestiam blusas de protesto foram removidas de áreas de competição.
Para o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Átila Roque, terminamos os Jogos Olímpicos com uma política de segurança pública ainda mais militarizada, focada em uma repressão muito seletiva, uso excessivo da força e da lógica de guerra, com operações policiais em favelas, com aumento das mortes e violações de direitos humanos dos moradores, principalmente dos jovens negros. (pulsar/portal fórum)