Uma adolescente de 14 anos, vítima de estupro coletivo em outubro de 2015, em Macapá, diz que está sofrendo ameaças de morte. A jovem está escondida e recebe apoio da Secretaria Extraordinária de Políticas para Afrodescendentes (Seafro).
A menina cuja família é de comunidade remanescente de quilombola, localizada no município de Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá, suspeita que as ameaças estejam partindo dos autores do estupro.
Segundo ela, quatro suspeitos foram denunciados à época do crime, após exame de corpo de delito confirmar o estupro. Os homens teriam chegado a ser presos, mas foram libertados pela Justiça que teria alegado que a adolescente não “teria condições de reconhecer os envolvidos” porque estaria sob o efeito de substâncias entorpecentes.
Em entrevista à Rede Amazônica no Amapá, a jovem contou que no dia do estupro, teria ido a casa de uma colega de escola, no bairro Brasil Novo, Zona Norte de Macapá. Elas teriam um trabalho de classe para produzir. No retorno para a casa onde morava, no mesmo bairro, por volta das oito e meia da noite, a menina conta que foi abordada pelos quatro homens em via pública. Eles a teriam colocado em um carro e seguido adiante.
Segundo ela, depois da agressão, os homens a teriam deixado sem roupas e amarrada próximo a uma escola pública na Zona Norte. Com a ajuda de moradores da região, a jovem teria conseguido fazer contato com a família.
A menina denunciou o caso na Delegacia de Investigação de Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Derca), que pediu a prisão preventiva dos suspeitos.
Desde que fez a denúncia, a adolescente diz ser constantemente ameaçada. No dia 31 de maio de 2016, caso mais recente, segundo ela, a jovem afirma ter sofrido uma tentativa de homicídio quando retornava da escola para a casa onde estava morando. Um homem a teria abordado em uma motocicleta.
A menina conta que conseguiu fugir e, em seguida, deixou a casa onde morava. A suspeita da família é de que isso tenha sido uma represália por causa da denúncia.
De acordo com a coordenadora de Proteção à Mulher Quilombola na Seafro, Raimunda Ramos, um pedido de proteção à vítima foi solicitado à Justiça por meio do Centro de Atendimento à Mulher e à Família (Camuf), mas, segundo ela, nenhuma resposta foi dada.
Na entrevista que deu à Rede Amazônica, a menina lamentou, aos prantos, que mesmo sofrendo ameaças de morte, não tenha conseguido proteção por meio da Justiça e nem a prisão dos suspeitos.
A Derca informou que está apurando o caso da adolescente e que vai solicitar a renovação do pedido de prisão preventiva dos suspeitos de estupro. A Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) informou que crimes que envolvam menores do sexo feminino, são recebidos apenas em casos de flagrante, o que não seria o caso da adolescente. (pulsar/koinonia)