Entre os dias 26 de março e 22 de abril, os indígenas Aponuyre, Genésio, Isaías e Assis Guajajara, todos da Terra Indígena (TI) Arariboia, no Maranhão, foram assassinados. Com pouca fiscalização e sem sinal de investigação dos culpados, os indígenas Guajajara que vivem na área – já demarcada e habitada também por índios Awá isolados – sofrem com a constante pressão de madeireiros e temem por sua segurança.
Os assassinatos de indígenas do povo Guajajara têm se sucedido rapidamente e de forma impune, e vêm ocorrendo tanto dentro do território de usufruto exclusivo dos indígenas quanto no município mais próximo da área, Amarante do Maranhão (MA). O município é bastante frequentado pelos índios que buscam itens no comércio local ou atendimento em serviços básicos.
De acordo com Suluene Guajajara, uma das lideranças da Terra Indígena Arariboia, as mortes foram muito próximas uma da outra e os indígenas estão de luto. Ela conta que hoje eles vivem com medo de sair de casa, de sair da aldeia.
Há anos, os cerca de dez mil indígenas Guajajara e Awá que vivem na Terra Indígena Arariboia sofrem com a extração ilegal de madeira e com as ameaças e a violência praticada pelos madeireiros da região.
Frente à incapacidade do Estado em garantir a segurança dos indígenas e a preservação dos limites ao longo dos 413 mil hectares de seu território, os Guajajara resolveram, como medida emergencial, garantir a fiscalização da área e coibir as invasões e a extração ilegal de madeira. Em 2008, criaram um grupo de proteção do território, o qual em 2013 foi oficializado como o grupo dos Guardiões.
A violência contra os indígenas intensificou-se desde então. Considerando os dados reunidos no Relatório de Violência publicado anualmente pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e os recentes acontecimentos, de 2008 até hoje foram registrados pelo menos 21 assassinatos de indígenas Guajajara no Maranhão. (pulsar/cimi)