Meninas que cumprem medidas socioeducativas em uma unidade da Fundação Casa, na zona norte de São Paulo, foram vítimas de sessões de tortura e espancamento coletivo na última sexta-feira (11). A denúncia é de mães das internas e do Coletivo Autônomo Herzer, dedicado a combater o encarceramento juvenil.
Segundo as denúncias, os espancamentos ocorreram por volta das cinco horas da manhã, na unidade de internação Parada de Taipas. As meninas teriam sido acordadas por funcionários logo nas primeiras horas da manhã, ao som de barras de ferro batidas contra as portas dos dormitórios.
As adolescentes teriam sido arrastadas para fora das acomodações pelos cabelos e por seus uniformes e aglomeradas, nuas, diante de monitores e seguranças homens e mulheres. Nesse momento, foram agredidas por sete pessoas (quatro mulheres e três homens) com chutes, tapas, socos e ofensas verbais. Entre os ferimentos há relatos de costelas quebradas, além de ouvidos machucados, hematomas e dedos quebrados.
Segundo familiares de internas da unidade, não houve socorro e as meninas, mesmos feridas, permanecem no local sem atendimento médico. As meninas também devem cumprir dez dias de isolamento, o chamado “castigo”.
Ao levarem as queixas aos diretores e funcionários da unidade, familiares tiveram como resposta o “silêncio” e ouviram que, na próxima vez, seria acionada a “Tropa de Choque” da Polícia Militar.
Um relatório da Secretaria da Direitos Humanos da Presidência da República elaborado no ano passado apontou a prática recorrente de tortura na unidade feminina de Parada de Taipas, inclusive com fotos que mostram marcas roxas em pernas e braços. Outra reclamação levantada pelo documento é quanto à saúde, chamada de “precária”. O relatório ainda chama atenção para a quantidade de funcionários homens nas dependências da unidade.
A assessoria de imprensa da Fundação Casa negou qualquer tipo de agressão. (pulsar/ponte jornalismo)