Centenas de milhares de hectares de floresta poluídos, 16 milhões de galões de água tóxica em estuários, rios e lagoas e, assim, o fim de um modo de vida e a morte de diversas pessoas de um povo. Esse foi o legado que a petroleira Chevron deixou para os povos indígenas de Orellana e Sucúmbios, no Equador, depois de explorar petróleo na região entre 1964 e 1990. Um verdadeiro genocídio social, ambiental e cultural.
Na tentativa de reparar esses danos, indígenas equatorianos entraram na justiça e a empresa foi condenada a pagar uma indenização de nove bilhões e 500 milhões de dólares. Entretanto, para não cumprir a sentença, a Chevron retirou todos os seus ativos do Equador, impedindo assim a execução da mesma.
Por conta desta manobra, representantes da União de Afetados pela Petroleira Chevron-Texaco (UDAPT)estão com ações judiciais em países onde a petroleira possui ativos. O Brasil é um desses países e o indígena Humberto Piaguaje, morador da área afetada no Equador, e Pablo Fajardo, advogado da Frente de Defesa da Amazônia, fazem uma série de atividades pelo país para obter apoio na ação que movem no Superior Tribunal de Justiça desde 2012.
Dentre as atividades previstas estão uma audiência na Ordem dos Advogados do Brasil, encontro com a Associação dos Juristas pela Democracia e uma reunião na Frente Parlamentar Ambientalista em Brasília. Além dessas atividades, os dois realizaram uma entrevista coletiva na última quinta-feira (17) na sede da Fase (Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educação), onde expuseram a atual situação dos processos judiciais e como ainda convivem até hoje com os problemas.
Classificado como um dos maiores crimes ambientais da história da humanidade, a expectativa é de que pelo menos 120 mil pessoas tenham sido afetadas pela atividade da petroleira.
Mesmo com todas as provas as dificuldades diante do judiciário têm sido grandes. Segundo Pablo Fajardo, a Chevron conta com o poder e a influência de sua corporação para tratar os povos tradicionais como invisíveis, numa clara demonstração de racismo ambiental.
Além das ações nos países, o caso da Chevron também foi levado ao Tribunal Penal Internacional caracterizando o caso como um crime contra a humanidade. (pulsar/ibase)