As denúncias de corrupção contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram reforçadas na noite da última quarta-feira (30), quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou em nota oficial que recebeu de autoridades da Suíça informações processuais contra Cunha que podem justificar a abertura de novos processos contra ele.
De acordo com a PGR, o Ministério Público (MP) da Suíça enviou ao Brasil os autos de uma investigação contra Cunha na qual ele é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A apuração suíça teria tido início em abril, em meio às investigações da Operação Lava Jato, e teriam identificado contas em bancos suíços em nome de Eduardo Cunha e alguns de seus familiares. Os valores existentes nessas contas foram bloqueados, mas os montantes ainda estão sob sigilo.
O MP suíço tem trabalho em parceria com os investigadores da Lava Jato e pediu aos bancos locais que entregassem detalhes sobre dezenas de contas. Ter uma conta no país europeu não é crime, desde que ela seja declarada e regular. No caso de Cunha, ele não revelou a existência da conta na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral para se candidatar à reeleição em 2014. A única conta citada por Cunha é do banco Itaú.
O agravante no caso do presidente da Câmara é que o MP da Suíça teria encontrado ‘disparidades’ entre a renda do deputado declarada e os valores transferidos, além de registrar que parte dos depósitos vinha de contas que já estavam sendo rastreadas.
Cunha é alvo de uma ação criminal na Suíça, mas, por ser brasileiro nato, não pode ser extraditado. Seu caso agora será examinado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pelo Supremo Tribunal Federal. As provas devem ser anexadas à denúncia de corrupção e lavagem de dinheiro feitas por Janot contra Cunha em agosto. Na ocasião, a PGR afirmou que Cunha usou até mesmo a Assembleia de Deus, igreja evangélica que frequenta, para lavar dinheiro. (pulsar/rba)