Quando o assunto é agricultura transgênica, um dos principais perigos apontados por especialistas é a redução da diversidade de sementes. Por meio do vento, da chuva, pássaros e insetos, o pólen de plantas transgênicas é levado para lavouras convencionais. Nesse processo de contaminação, as sementes convencionais, também conhecidas como crioulas, vão desaparecer.
O prejuízo é grande porque essas variedades, naturais, poupam o solo do desgaste ao mesmo tempo que produzem relativamente bem durante muito tempo, independentemente das condições climáticas. Indispensáveis à soberania dos agricultores em seus programas de melhoramento genético, que levam anos e até gerações, são também estratégicas para a segurança alimentar.
Já as geneticamente modificadas, criadas em laboratório com a promessa de maior produtividade, dependem de grande quantidade de fertilizantes químicos, que desequilibram o solo, e de agrotóxicos, que prejudicam a saúde humana e ambiental. Protegidas por patentes, são mais caras e controladas pela indústria, que vende ao agricultor em promoções aparentemente vantajosas, em vendas casadas, muitas vezes atreladas a empréstimos financeiros.
Contrariando argumentos dessa indústria, um estudo do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imeecc) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) vem reforçar os argumentos dos riscos à biodiversidade pela contaminação das lavouras pelos transgênicos. De acordo com Rinaldo Vieira da Silva Júnior, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e autor do trabalho, “com o tempo, a coexistência desses dois tipos de lavouras deve levar à queda na produtividade de ambas. Porém, a redução será bem maior na variante natural”.
Além disso, segundo ele, o trabalho reitera informações empíricas disponíveis. “Reforça que há mecanismos de mercado que levam à dominância de sementes transgênicas e ao desaparecimento, ao sumiço, ou dificuldade para obtenção das demais.” (pulsar/brasil de fato)