A Justiça Federal concedeu na última segunda-feira (18) à Fundação Nacional do Índio (Funai) mandado de reintegração de posse do Museu do Índio, que fica em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. O local estava ocupado desde quarta-feira (13), quando a própria Funai fez um chamado para o movimento indígena nacional fazer atos em suas sedes em todo o Brasil contra cortes na instituição.
O ato convocado pela Funai acabou no mesmo dia mas, segundo a fundação, um grupo resolveu ficar no local. Na tarde de domingo (17), os índios que ocupavam o local, integrantes da Aldeia Maracanã – que por sete anos ocupou o antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã – fizeram uma manifestação em frente ao museu de Botafogo.
De acordo com o professor bilíngue Uratau Guajajara, os indígenas resolveram permanecer no local para reivindicar a reintegração de posse da Aldeia Maracanã, a extinção da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que passa para o Congresso Nacional a responsabilidade sobre a demarcação das terras indígenas e quilombolas, e a realização de eleições entre os índios para escolher o presidente da Funai e os diretores do Museu do Índio.
Segundo Guajajara, para os funcionários do museu, a ocupação da Funai não passava de brincadeira. O professor afirma que a situação piorou quando foi iniciado um ritual pelo grupo que protestava. À Agência Brasil, Guajajara conta que a segurança chegou e se aglomerou e em seguida os indígenas da etnia Fulni-ô apareceram e começaram a agredir os manifestantes.
De acordo com a Funai, “o grupo permaneceu no local e acendeu uma fogueira no jardim da instituição, colocando em risco os acervos e o conjunto arquitetônico tombado pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]”.
Vídeos e fotos postados nas redes sociais por apoiadores da ocupação e da Aldeia Maracanã mostram o confronto, com indígenas feridos e pessoas batendo em outras com pedaços de pau. Segundo o escritor Pedro Rios Leão, que estava na ocupação e também apanhou, as agressões ocorreram na noite de sábado (16) e também após o ato de domingo (17).
Sobre as agressões, a Funai informa que indígenas da etnia Fulni-ô, que estão no Rio de Janeiro para atividade apoiada pelo museu, “reagiram a agressões contra um servidor indígena do museu, que vinha sendo alvo de insultos e difamação por parte dos ocupantes”. A instituição manifesta “apreensão diante da paralisação das atividades do Museu do Índio, desde a última quarta-feira (13), assim como pela segurança do seu acervo histórico”. A Funai acrescenta que vai pedir que a Polícia Federal apure o caso. (pulsar)
*Informação da Agência Brasil