As revoltas da chamada “Primavera Árabe” e os conflitos dela decorrentes, entre eles o da Síria, ampliaram o número de solicitações de refúgio no Brasil principalmente a partir de 2012, segundo livro sobre o perfil dos refugiados no país lançado na última semana em Brasília pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
A publicação “Refúgio no Brasil: caracterização dos perfis sociodemográficos dos refugiados” analisa quatro mil 150 concessões de refúgio acolhidas pelo governo brasileiro entre 1998 e 2014. Embora não seja país de destino preferencial, nos últimos cinco anos o Brasil teve crescimento no número de imigrantes, sobretudo da Síria.
Segundo o instituto, entre 2010 e 2014, as solicitações de refúgio recebidas cresceram cerca de mil e 500 por cento, e os deferimentos evoluíram em proporção semelhante. Neste contexto, a publicação foi pensada com o objetivo de conhecer a realidade dessas pessoas e mapear suas características.
Nos 17 anos analisados, sírios, angolanos, colombianos, congoleses e libaneses foram os grupos mais numerosos entre os que tiveram pedidos de refúgio aceitos pela via da elegibilidade — a forma tradicional de solicitação. Juntos, representaram 63,1 por cento do total. A maioria é formada por homens, adultos entre 18 e 59 anos, e solteiros.
Cerca de 70 por cento declararam ter vindo de forma regular ao Brasil. Segundo o pesquisador do IPEA, João Brígido Bezerra Lima, um dos autores do estudo, apesar desse elevado percentual, somente 56 por cento afirmaram saber o país de destino.
Na cerimônia de lançamento do livro, o presidente do IPEA, Ernesto Lozardo, frisou que “ser refugiado não é causa, mas consequência de uma disfunção político-social em algum lugar do mundo”. (pulsar/onu)